A Capoeira Angola é uma prática extremamente variada, nela existem combinações de inúmeros movimentos que carregam uma forte simbologia.
Como a maioria dos rituais de matriz africana, a roda de capoeira possui ritual e ritmo.
O jogo é caracterizado por haver fluidez, "respostas às perguntas" que são feitas, ou seja, não se joga sozinho.
Luta, dança, manha, teatralidade e plasticidade são alguns dos elementos encontrados dentro da pluralidade dessa arte.
O conhecimento dessa arte se faz através da prática, da observação e do estudo.
Corporalmente falando, é importante ressaltar que cada indivíduo possui um gestual e, nessa prática, é estimulado a se expressar de acordo com o seu entendimento e capacidade, ou seja, ninguém joga igual a ninguém. Isso fica claro na célebre frase do Mestre Pastinha: "Cada um é cada um, ninguém joga do meu jeito".
Corporalmente falando, é importante ressaltar que cada indivíduo possui um gestual e, nessa prática, é estimulado a se expressar de acordo com o seu entendimento e capacidade, ou seja, ninguém joga igual a ninguém. Isso fica claro na célebre frase do Mestre Pastinha: "Cada um é cada um, ninguém joga do meu jeito".
Através das rodas, treinos e convivência com outros praticantes, sobretudo com os mais antigos, é que conseguimos obter o entendimento necessário para decifrar os diversos códigos que esse jogo apresenta.
O "ser angoleiro" é algo que se faz com o tempo, com dedicação e paciência.
AS ORIGENS
Sobre as origens da capoeira, ainda não existem documentos que possam afirmar com exatidão quando se deu esse processo. Contudo, existem possibilidades aceitas entre os capoeiristas e estudiosos.
Para alguns, a capoeira foi desenvolvida dentro das senzalas e seus entornos, tendo o nome capoeira vindo do local aonde essa prática se dava. José de Alencar, escritor, em 1865, na sua primeira edição de Iracema, propôs para o vocábulo capoeira, o tupi – caa-apuam-era (ilha de mato já cortado).
Outros acreditam numa origem ancestral. No sul de Angola, na tribo Mucope, durante a efêndula, momento onde as moças da tribo já podiam casar, os rapazes, inspirados pelas lutas das zebras, duelavam utilizando movimentos de pés e cabeça. O vencedor era escolhido para desposar a moça. Esse duelo/luta era conhecido como N’golo.

Atualmente existe uma grande corrente de capoeiristas e estudiosos que acreditam no surgimento da capoeira nas grandes cidades do século 19. Carregando suas cestas(capoeiras), os vendedores se encontravam em diversos pontos das cidades e praticavam o “jogo da capoeira”.
A MÚSICA
Não se sabe exatamente quando a música foi relacionada ao movimento da capoeira ou vice-versa, mas podemos dizer que hoje em dia esses dois elementos são quase que um só.

Torna-se importante dizer que o cantar na capoeira vai além da função motivacional para os jogadores, pois, na verdade, ele é o elemento que faz a conexão com a nossa ancestralidade. Estórias antigas da diáspora africana, ícones da nossa cultura e situações do cotidiano são lembradas através do canto, e através dessa oralidade o conhecimento é passado de geração à geração. Na capoeira angola, existe uma preocupação muito grande com o ritmo, pois ali se encontra a “alma” da roda. Através do canto e do toque, o jogo pode se tranqüilo ou mais intenso. A orquestra do Kabula é composta da esquerda para a direita por: Reco-reco, Agogô, Pandeiro, Berimbau gunga, Berimbau médio, Berimbau Viola, Pandeiro e Atabaque. O regente dessa orquestra é o Berimbau gunga, que na maioria das vezes é tocado pelo(a) capoeirista mais experiente.
Após a organização da orquestra, surge um outro elemento para compor a roda de capoeira: o canto. Cantar na capoeira muita das vezes parece uma tarefa fácil e simples, mas não é. A música da capoeira expressa toda uma história, todo um processo que remete a um passado gerador, ou seja, ela é uma ponte entre o "velho" e o "novo". Além disso, o cantador dita o andamento da roda. Cantar o jogo requer prática e percepção.
A música, assim como a orquestra, também possui sua organização, e ela é dividida seqüencialmente em ladainha, louvação e corrido. A ladainha é precedida por um grito(Iêeee) e possui uma cadência mais arrastada, chorada. Nessa hora não há interação com o côro da roda. Histórias passadas e atuais são relembradas nesse momento. Na seqüência vem a louvação, como o próprio nome sugere, é um momento de louvar a roda, os deuses e os elementos que fazem parte da capoeira. Nesse momento há interação entre o cantador e o côro. Fechando a seqüência temos o corrido, uma espécie de chamadas e respostas(versadas), onde o cantador, com a participação do côro, inicia o movimento dos jogadores. O corrido é uma fase onde se pode usar de muitos improvisos para rechear o canto. Vários mestres são conhecidos por essa capacidade. Entre eles podemos citar: Bigodinho, Boca Rica, Moraes, Toni Vargas e Pernalonga.